Avowed: Um RPG que Entrega o Básico

Avowed é o mais novo RPG da Obsidian, famosa por games como Starfield e Fallout New Vegas, e chegou exclusivo para Xbox e PC

Avowed, o mais novo RPG desenvolvido pela Obsidian e publicado pela Microsoft Xbox Studios, chegou em meio as polêmicas: Polêmicas em relação ao uso de linguagem neutra em suas legendas, polêmica em relação a ser um exclusivo de Xbox, polêmicas em relação aos personagens. Enfim, assim como qualquer jogo atual, há alguma polêmica e discussão em torno dele, seja lá o motivo que for.

Da minha parte, eu torcia para que Avowed (site oficial) fosse bem-sucedido, pois eu realmente gostaria de um novo jogo que ocupasse o espaço deixado por Skyrim após mais de 10 anos de lançamento e, sendo de uma desenvolvedora que já tem uma experiência com jogos similares, já que Fallout New Vegas é considerado por muita gente da base de fãs o melhor da era 3D da franquia, achei que Avowed poderia ser um bom substituto.

Mas, infelizmente, Avowed me deixou com um gosto de… nada. Sabe aquele arroz com feijão que você come todos os dias? Que não é ruim, é até gostoso, mas não tem nada de novo ou de especial nele? Você come apenas porque está com fome, apenas porque está na sua rotina comer aquele prato para nutrir seu corpo e não te dá nenhuma sensação de prazer de comer, mas também não te desagrada? Esse é Avowed.

Vamos falar sobre esse “prato sem graça” que é Avowed e, se você ficar com dúvidas, é só deixar um comentário.

Você é o Porta-Voz

No mundo de Avowed existem as deidades. Um tipo de pessoa escolhida e tocada pelos deuses. Essas pessoas têm poderes e capacidades especiais que as tornam únicas e valiosas e você é uma delas. As deidades têm características físicas distintas como um tipo de escamas ou penas pelo rosto e corpo (embora isso possa ser editado na criação de personagem) o que as torna distintas e reconhecíveis pelos demais.

Seja qual for o seu passado que é escolhido na criação do personagem, você serve ao imperador de Aedyran, um grande reino expansionista que tem interesse em um lugar chamado pelos residentes de Terras Vivas. Essas Terras Vivas são, ao mesmo tempo, uma chance de recomeço e uma fuga do império para quem vive lá. Não é um lugar fácil de viver, mas é livre e você é o dono do seu destino, oque costuma atrair gente que não tem mais nada a perder ou aqueles que querem se aproveitar do desespero de outros.

Você é enviado as Terras Vivas como o Porta-Voz, alguém de autoridade e com a missão de investigar a Praga das Almas, uma doença misteriosa que atinge fauna e flora, além de pessoas, de causa desconhecida e que está atrapalhando os planos do imperador de expandir seus domínios para esse lugar. Mas, ao chegar próximo do lugar, seu barco é atingido por um ataque desconhecido de um forte numa ilha próxima e você, junto com um companheiro estranho, sobrevivem e tem que ir ao forte para investigar oque aconteceu e tentar encontrar uma forma de chegar as Terras Vivas.

E é aqui que começa sua aventura.

Requisitos de Sistema

Avowed é um jogo é mediano para pesado, exigindo um hardware de médio a alto desempenho. Com 16 GB de RAM mínimo e GPU como GTX 1070, já indica demanda considerável. Nos recomendados, o salto para CPUs mais potentes sugere que ele pode ser exigente, dependendo da otimização.

Explorando as Terras Vivas

Depois de sermos introduzidos ao plot político e ao novo mundo de Avowed, o resto é aquele “arroz com feijão” que mencionei acima. Não é ruim a sensação de familiaridade com os comandos básicos do game como andar, atacar, agachar, atirar com arco e etc. É básico. Não tem nada de novo, não tem surpresas e nem problemas. Você já viu isso milhares de vezes e vai se virar com oque sabe fazer.

Por outro lado, você fica com aquela sensação de que vai voltar a um jogo que será aquele enorme mundo aberto, que vai consumir horas da sua vida e te entregar uma experiência agradável mas sem nada de realmente muito interessante que compense todas as horas que você investiu nele. Fiquei esperando durante toda a jogatina aquela revelação, aquele plot-twist, aquela catarse que costuma vir com bons RPGs, mas, no final, tudo parecia meio previsível e comum.

Não ajudou muito que o mundo de Avowed, em sua grande parte, também é muito “mais do mesmo” que já vimos em outros games do gênero. Muitas cavernas, áreas abertas com inimigos espreitando, florestas e etc. Não dá muito para fugir desse tipo de território em um jogo destes, então, esse foi o menor dos meus problemas, porém, uma coisa que me deixou com um gosto ruim foi o fato de eu não conseguir enxergar onde os inimigos estavam!

Talvez seja um problema da minha visão ou da qualidade em que eu estava jogando, não sei, mas de alguma forma, os inimigos simplesmente não estavam ali e, no minuto seguinte, um monte de alertas de que alguém estava me vendo surgiam na tela e uma luta contra monstrinhos que se parecem com Kobolts apareciam para me atacar.

Não era difícil despachar eles, mas eu simplesmente não conseguia vê-los na tela e, com isso, se eu quisesse tentar uma abordagem mais furtiva, não era possível. Outro inimigo que parece uma névoa roxa era completamente invisível para mim!

Falta Carisma

Outra coisa que meu deixou com um “gosto amargo” foram os NPCs. Não sei se a história do jogo é algo tão legal e empolgante quando a Obsidian queria nos entregar, mas, se foi, eu não consegui me envolver com ela tanto quanto eu gostaria. Principalmente por causa dos NPCs que são quase inexpressivos e nada carismáticos.

Você pode falar com eles durante a exploração do mundo aberto, eles falam algumas coisas a cada lugar novo que você descobre, gritam frases durante os combates e te parabenizam por cada abate e você pode conhecer eles melhor e desenvolver uma amizade conforme fala sobre seu passado.

Mas eles ficam parados, te olhando com “cara de nada”, eventualmente mexendo um pouco a cabeça ou dando um sorriso eventual. Em um mundo pós Baldur’s Gate 3 fica difícil se encantar com NPCs que tem tão pouca expressão e carisma. Nenhum dos companheiros, na minha opinião, se tornou memorável ou marcante, como uma Leliana ou Morrigan de Dragon Age, ou até mesmo a Lydia ou Serana, de Skyrim.

E sim, os companheiros de Skyrim são basicamente mochilas sem uma história e Serana só é lembrada pelos fãs pois é a vampira gótica que se recusa a ter um relacionamento com você, mas eles ainda são mais interessantes do que os NPCs cujo eu não lembro o nome e nem sei a raça e, no final das contas, nem quero saber.

Até mesmo os companheiros do mediano Greedfall ou do recente Eternal Strands ainda são mais chamativos do que essa galera que te acompanha pelas Terras Vivas. Talvez a escolha de não ter um romance com eles ajudou a tornar os NPC companheiros ainda mais esquecíveis do que outros. Na questão de falta de carisma, esses NPCs perdem apenas para os “Paws” de Dragons Dogma.

Mais do Mesmo

Como boa parte do review de Avowed já deixou bem claro, o jogo é extremamente básico em tudo oque se propõe a fazer. Não é ruim, mas também não se destaca. Não me lembro de nenhuma música emocionante, nem mesmo a de combate. Não há nenhuma mecânica realmente inovadora.

A customização de personagem tem uma sessão que é dedicada a suas “escamas” de deidade, mas todo o resto é igual. Inclusive a parte dos cabelos. Parece que a indústria tem preguiça de fazer cabelos interessantes e simplesmente baixa um pacote de cabelos básico e coloca todos disponíveis para os dois gêneros. Algo muito ruim. Porém, não faz muita diferença, já que o jogo foi feito para ser jogado em primeira pessoa.

Sim, existe um modo em terceira pessoa, mas ele é tão ruim que obriga você até a abandonar itens ou poções e outras coisas pequenas porque é muito difícil mirar e pegar o item no modo terceira pessoa. Além disso, seu personagem anda de uma forma estranha, parecendo que está cagado. Então, é melhor você jogar em primeira pessoa mesmo, para não passar raiva. Se o pessoal estava reclamando de Dragon Age the Veilguard em relação a personagens atraentes, então passe longe de Avowed.

Você tem uma árvore de habilidades que vai construindo seu personagem, sendo basicamente possível jogar como um guerreiro, mago ou ladino, ou uma classe que mistura as habilidades de cada um como você quiser. Tem a árvore de habilidades dos companheiros e uma focada nos seus poderes de deidade.

No combate você pode atacar, atacar de longe com arcos e carregar o tiro, esquivas ou lançar feitiços. Tudo vai consumindo sua barra de estamina, então, você tem que tomar cuidado para não esgotar essa barra e ficar sem poder lutar e se defender.

Os companheiros atacam tudo oque se mexe, sem estratégia. Você pode dar ordens para eles usarem determinadas habilidades ou deixá-los lutando por si só. Você também não pode customizá-los, dar novas armas ou armaduras para eles.

Tem muitos vídeos na web comparando Avowed com Skyrim ou com The Elder Scrolls IV: Oblivion, mostrando que o jogo da Obsidian não tem funções básicas nestes games de anos atrás, como atacar os NPCs, recolher as flechas que são lançadas e vão embora para o espaço depois de atiradas sem sofrer a ação da gravidade, atacar objetos que estão em cima de mesas ou mesmo furtar os NPCs.

Isso é realmente chato para um jogo que se propõe a “ser o novo Skyrim” ou para a Obsidian que já tinha feito um jogo com esses detalhes básicos, como o Fallout New Vegas. Se eles colocaram o esforço da equipe que seria responsavel por esses detalhes em outro lugar do jogo, eu não consegui achar.

Veredito sobre Avowed

Novamente, eu gostaria de gostar mais de Avowed, gostaria de passar muito mais horas explorando o mundo aberto, que é até bem bonito, vendo as cidades e todo o esforço da equipe da Obsidian, mas, não tem graça! Não tem nada ali que me prenda ali e me faça querer explorar outras builds, outras classes ou me aventurar mais com esse companheiro no lugar daquele. Mas, não vale a pena. Especialmente pelo preço cobrado!

Jogue uma vez se você tiver o Xbox Gamepass ou espere uma boa promoção, pois o jogo é muito básico. Quer algo mais empolgante? Jogue novamente Skyrim, baixe alguns mods e experimente um jogo praticamente novo.

Aliás, talvez essa seja a salvação de Avowed. Mods! Se alguma comunidade de mods se empolgar em tentar criar coisas novas e interessantes, talvez valha a pena jogar e se aprofundar, mas, por hora, deixe ele para um momento em que você não tiver nada melhor para jogar.

Avowed

Paulo Fabris

Um jogo que entrega o básico, mas não há nada de muito especial para se ver. Uma história ok, mundo bom, mecânicas conhecidas, mas nada de inovador ou interessante. Espere uma promoção e pelos modders criarem um conteúdo mais interessante.

Gráficos

Música

Jogabilidade

Diversão

Preço

Prós e Contras

+ Gráficos bonitos;
+ História interessante;
+ Boas músicas;

Contras
– Nada é memorável;
– NPCs sem carisma;
– Sem novidades;

2.5

Fale conosco nos comentários e diga se curtiu essa novidade e aproveite para ler mais notícias no nosso site.