Leia o nosso review de Cuphead e saiba o que achamos das aventuras de Xicrinho e Caneco
Esse jogo causou uma grande comoção quando foi anunciado em 2013. Era um jogo feito todo a mão no melhor estilo das animações dos anos 30. Mas, o que tem de tão especial nisso? Afinal, por que um jogo 2D tão simples faria tanto alvoroço em um mundo cheio de games como God of War e Halos da vida?
A resposta: ele era diferente de tudo o que estava sendo lançado na época e, principalmente, era bem original em meio a uma onda de remakes e remasters, com nostalgia acentuada e criticas a tudo que havia de mais novo na época e que era lançado com vários cortes para se tornarem DLCs além de muitos bugs. Além disso, o gênero Run and Gun (correr e atirar) que foi um estilo muito querido durante a década de 80 e 90, sendo Contra o seu maior representante, estava fora dos radares da indústria por muito tempo.
A alta dificuldade de Contra também estava presente em Cuphead (site oficial), com milhares de inimigos surgindo na tela a todo o momento, sem um minuto de descanso para o jogador, ou jogadores já que é um game multiplayer, que deveria “correr e atirar” constantemente, desviando de tiros inimigos e ataques, pulando de buracos e ainda lutar contra chefes que enchiam a tela de ataques. Vamos falar sobre o jogo e, se você curte Cuphead, deixe um comentário.
Cuphead
Não barganhe com o Diabo
Cuphead é um jogo de ação no estilo run and gun com elementos de plataforma, criado pelos irmãos canadenses Chad e Jared Moldenhauer, do estúdio Studio MDHR. Lançado em 29 de setembro de 2017 para Xbox One e Windows, o jogo chama atenção pelo visual inspirado nos desenhos animados dos anos 1930, com influências claras de Fleischer Studios e Walt Disney, mantendo um tom surreal e subversivo que marcou aquela era.
A aventura pode ser jogada sozinho ou em dupla, com os irmãos Xicrinho (Cuphead) e Caneco (Mugman) enfrentando chefes bizarros na Ilha Tinteiro para pagar uma dívida feita com o próprio diabo. O visual, a jogabilidade desafiadora, a trilha sonora empolgante e o estilo artístico renderam ao jogo elogios da crítica, vários prêmios e mais de seis milhões de cópias vendidas nos primeiros três anos.
A história de Cuphead bebe diretamente da fonte das animações antigas, onde o sobrenatural — incluindo o diabo — aparecia com frequência em narrativas educativas. Era comum ver personagens sendo tentados por figuras diabólicas ao som de blues ou jazz, caindo em confusão com fantasmas, esqueletos dançantes e outras bizarrices, até aprenderem uma lição no final.
No jogo, a trama segue essa linha: Xicrinho e Caneco estão se divertindo em um cassino e começam a ganhar demais. O diabo aparece e propõe uma última aposta — tudo ou nada. Xicrinho aceita e perde. Como punição, os dois devem caçar os outros devedores do diabo e coletar seus contratos de alma.
Recusando entregar as próprias almas, eles fogem para casa e recebem ajuda da velha Chaleira, que lhes dá um tônico mágico capaz de transformar seus dedos em armas de energia. A partir daí, começa a jornada contra chefes criativos e desafiadores, todos inspirados em personagens e estilos clássicos dos anos 30, 40 e 50.
O resultado é um jogo que une desafio e nostalgia em uma experiência visual e sonora única.
Gráficos impressionantes
Cuphead é um espetáculo visual. A animação, inspirada nos desenhos dos anos 1930, traz nostalgia para quem viveu a época e encanta quem só conhece esse estilo pela internet. Tudo fica mais divertido com pitadas de humor, uma trilha sonora contagiante e uma história simples, mas cativante.
Personagens e referências saltam aos olhos: a sereia lembra a Betty Boop; o marinheiro, o Brutus do Popeye; movimentos de alguns inimigos remetem aos clássicos; e os sapos boxeadores são uma clara homenagem ao Ryu e Ken de Street Fighter. São detalhes que refletem o trabalho de pesquisa do estúdio MDHR.
Windows | |
Sistemas Operacional | Windows 7 |
Processador | Intel Core2 Duo E8400, 3.0GHz ou AMD Athlon 64 X2 6000+, 3.0GHz ou superior |
Memória | 3 GB de RAM |
Placa de vídeo | Geforce 9600 GT ou AMD HD 3870 512MB ou superior |
DirectX | Versão 11 |
Armazenamento | 4 GB de espaço disponível |
MacOS | |
Sistemas Operacional | OS X 10.11.x |
Processador | Intel Core i5 ou superior |
Memória | 4 GB de RAM |
Placa de vídeo | Intel HD Graphics 4000 ou superior (requires Metal) |
Armazenamento | 4 GB de espaço disponível |
Os personagens de Cuphead nunca param de “dançar” — mesmo em momentos de pausa, a animação permanece viva, como se cada quadro fosse um GIF. Essa energia se estende à música: a abertura traz coro e, no final alternativo, um easter egg sonoro inusitado; durante as fases, o jazz frenético mantém o ritmo acelerado. Tudo foi pensado para recriar o clima dos desenhos antigos — um feito que exige cuidado e atenção ao detalhe.
Jogabilidade precisa
Alguns jogos fazem a gente culpar as mecânicas ou até um amigo pela derrota. Em Cuphead, a culpa é toda sua. Quando você morre, sabe que poderia ter feito melhor — e mesmo assim, provavelmente vai morrer de novo na próxima tentativa. A frustração não vem do jogo em si, mas da consciência de que você poderia ter evitado o erro.

Você (e um amigo, se quiser jogar no modo cooperativo local) avança de chefe em chefe, disparando tiros infinitos em inimigos dos mais variados tipos: flores voadoras, olhos que flutuam, bolinhas com pernas e várias outras criaturas bizarras. O objetivo é claro: acertar os pontos fracos dos chefes — olhos, bocas, apêndices — enquanto desvia de padrões de ataque cada vez mais caóticos.
Cada luta contra chefes dura cerca de dois minutos, o que permite repetir várias vezes. Elas são divididas em fases, com padrões que vão mudando e ficando mais complexos. A vitória vem após muitas tentativas, acompanhada daquele grito de alívio e comemoração: “Ganhei, filho da…”.
Cuphead não é sobre correr e vencer na base da confiança. Ele recompensa paciência, estratégia e atenção. Quando tudo parece impossível, respirar fundo e pensar em alternativas costuma ser mais útil do que insistir no erro.
O jogo oferece boas opções de personalização. Você pode escolher dois tipos de arma, um poder extra e um ataque especial para cada luta. Com o tempo, desbloqueia novas armas e habilidades, o que incentiva a experimentar diferentes combinações para cada desafio. Uma escolha bem feita pode facilitar muito uma batalha — e uma escolha ruim, dificultar tudo.
Por exemplo, para fases com muitos inimigos pequenos, é melhor usar um tiro de curto alcance poderoso, um bônus que gera ataques especiais automaticamente e um super que limpa a tela. Já contra um chefe gigante com projéteis lentos e fortes, tiros teleguiados, bônus de esquiva e um especial de invencibilidade fazem mais sentido.
Armas e melhorias são compradas com moedas escondidas nas fases de plataforma. Mas vale dizer: Cuphead não é um jogo de plataforma. Esses momentos servem mais como variação. Diferente dos chefes, que exigem domínio e estratégia, essas fases podem ser vencidas na força bruta: atire em tudo e siga em frente.

O jogo exige persistência, mas não tolera arrogância. Quando você começa a se achar bom demais, ele te coloca no lugar. Tenha paciência. Se bater a vontade de jogar o controle na parede, pare um pouco, respire e volte depois para enfrentar a Ilha Tinteiro com a cabeça fria.
Em poucos minutos, Cuphead mostra por que é especial. Ele reinventa as mecânicas de run and gun e plataforma a cada fase e chefe. Os mapas são compostos por vários chefes e duas fases de tiro — todas únicas e não repetidas.
A punição pela derrota vem de várias formas: não há checkpoints durante os combates, e a animação de morte mostra o quão perto você estava da vitória — só para te deixar ainda mais frustrado.
O passado e presente
Mesmo o jogo sendo baseado no passado, Cuphead é um jogo muito atual. A direção artística foi capaz de realizar um trabalho impecável em modernizar um estilo antigo e trazer a sensação de que estamos totalmente familiarizados com esse estilo quando, na verdade, não estamos.
Os personagens e chefes claramente inspirados em lendas dos desenhos animados como Betty Boop, Pica-Pau e se libertam do esperado para surpreendê-lo com algo novo. Não importa que a sósia de Betty seja uma sereia agora; é o momento em que a cabeça dela se liberta do corpo e vomita todo tipo de maluquice que você pode imaginar pronto para te derrubar, é a hora que você surpreende e aperta todos os botões tentando se livrar de uma morte certa.

Se você puder apreciar o estilo único de animação (enquanto está lutando para desviar dos milhares de tiros e inimigos na tela), ficará duplamente impressionado ao ver o que o desenvolvedor Studio MDHR trouxe para a mesa. Se sua execução técnica não bastasse, a criatividade do MDHR coloca Cuphead em uma liga própria.
Xicara meio vazia
O medo do inesperado é parte do que torna Cuphead tão empolgante, além da tensão constante a cada segundo. Por padrão, você tem apenas três pontos de vida por fase — quatro, se usar um amuleto que reduz seu poder de ataque. Mas depois da décima tentativa de um chefe, quando tudo o que você pensa é “Qual será o próximo ataque?”, a luta começa a perder o charme. Nessas horas, fica claro que Cuphead poderia fazer um trabalho melhor em mostrar seu progresso e habilidades.
Você nunca sabe ao certo o quão perto está de vencer um chefe ou de fazer a luta avançar para a próxima fase. No máximo, recebe um resumo da batalha depois de morrer, para ter uma ideia vaga do quanto avançou. E aí vem a dúvida: será que estou usando o equipamento certo? Testar novas armas não é prático — revisitar lutas antigas é mais demorado do que deveria, já que o mapa é lento e não tem viagem rápida. Pior: o jogo não mostra claramente quanto dano cada arma causa. As descrições são genéricas e não ajudam muito.
Se as lutas fossem verdadeiros quebra-cabeças com uma única solução certa, isso seria frustrante. Felizmente, o jogo dá alguma liberdade para errar e testar. Pode parecer um detalhe, mas o fato de você poder reiniciar uma luta em segundos faz toda a diferença no processo de tentativa e erro. E mesmo nas batalhas mais irritantes, é difícil não se encantar com as animações incríveis dos chefes.
Veredito sobre Cuphead
Cuphead impressiona em vários aspectos e transporta o jogador direto para a era dos desenhos animados antigos, como os do Mickey no barquinho assobiando. Com muitos tiros e chefes criativos, o jogo oferece um desafio intenso e uma sensação real de conquista ao ser finalizado.
Mas é sempre bom reforçar: Cuphead é difícil. A arte pode te atrair, mas só a persistência te faz continuar. Perdi a conta de quantas vezes morri antes de terminar (maldito Rei Dado!). O jogo exige que você falhe, aprenda e tente de novo. Se você já conhece o estilo “run and gun”, vai entender as mecânicas com mais facilidade — mas isso não significa que será fácil, só menos confuso.
O jogo tem uma identidade muito coesa: trilha sonora orquestrada, visual inspirado nos anos 1930, e uma direção de arte que recria com precisão a sensação dos desenhos clássicos (só faltou um modo preto e branco). Ainda assim, às vezes esses mesmos elementos atrapalham. A arte pode esconder inimigos e projéteis, e nem sempre é claro o que pode ou não causar dano. As lutas finais misturam essas dificuldades, e o que deveria ser o auge da experiência vira um teste de paciência — e de sorte.
O final de Cuphead resume o que muita gente pensa do jogo: uma experiência absurdamente difícil, às vezes até injusta. E isso é uma pena, porque a maior parte do jogo é uma homenagem caprichada a um gênero clássico, apresentada com tanto cuidado que merecia ser aproveitada por muito mais gente.
Cuphead

Distribuidor: Studio MDHR
Plataformas: PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox One, macOS, Microsoft Windows, Mac OS
Prós e Contras
Prós:
+ Um jogo lindo com personagens carismáticos;
+ Vencedor de diversos prêmios, incluindo Game Awards para melhor direção, melhor jogo indie e vencedor do BAFTA;
+ Músicas animadas que deixam o jogador no clima dos desenhos antigos;
Contras:
– Ser difícil é bom, mas quando você tem que fazer a mesma luta pela 10° vez, o negócio começa a perder a graça;
– Falta um pouco mais de indicação sobre o seu progresso, o poder das armas e a saúde dos chefes;
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