A Verdade sobre Pauline em Donkey Kong Bananza

O jogo do DK trouxe uma versão de Pauline em Donkey Kong Bananza que não faz sentido. Vamos explicar tudo

Desde o anúncio de Donkey Kong Bananza, quando finalmente a personagem Pauline foi revelada os fãs de longa data das franquias da Nintendo ficaram com um ponto de interrogação na cabeça. “Ué, mas como?”. Como a Pauline, uma mulher adulta em Super Mario Odyssey e prefeita de New Donk City pode ser uma criança nesse novo game?

Como ela era uma adulta sendo sequestrada pelo avó do DK, Cramky, e continua jovem enquanto o macaco envelheceu? E o Mario? Por que ele também continua interagindo com o neto de Cramky sendo que, lá nos primórdios, ele sequestrou o pai de DK, (em Donkey Kong Jr.) e o macaco foi o único que está agora velho e de bengala? Qual é o sentido da linha do tempo desses jogos?

Bom, se você também está com essas dúvidas, fica calmo, nós temos a resposta definitiva para isso e vamos compartilhar com você e, se no final das contas, você ainda tiver dúvidas, é só deixar um comentário.

Kong vs Jumpman

Lançado no começo dos anos 80, em 1981, Donkey Kong foi criado por Shigeru Miyamoto e seria um game originalmente baseado no desenho Popeye, com o jogador controlando o marinheiro que deveria resgatar a sua namorada Olivia Palito do malvado Brutus, subindo andaimes enquanto pulava e desviava de barris e obstáculos. Porém, alguma coisa deu errado e eles não conseguiram licenciar a franquia e a Nintendo resolveu seguir uma nova direção.

Pauline em Donkey Kong
Donkey Kong Bananza
Lady em Donkey Kong

No lugar de Popeye, um carpinteiro chamado de Jumpman, porque ele pulava muito. No lugar de Olivia, a dama em perigo chamada apenas de Lady. E, em vez do Brutus, surgiu o gorila Donkey Kong. O jogo foi um sucesso bastante grande e até mesmo ganhou uma sequência, apresentado Jumpman como o vilão que prendia Donkey Kong em uma jaula e o filho dele, Donkey Kong Jr., como o herói que deveria resgatar seu pai.

Com o passar dos anos, Donkey Kong se tornou um personagem secundário das aventuras do agora encanador Mario (que recebeu o nome de um funcionário da Nintendo América por causa do bigode) que tinha uma nova amada e donzela em perigo para salva, a Princesa Peach. Mas, e a Lady? O que aconteceu com ele?

Inicialmente, Lady recebeu um nome: Pauline. Um nome errado, na verdade, pois o nome original deveria ser Polly, porém, quando os programadores japoneses ouviram o nome “Polly”, da esposa de um outro funcionário da Nintendo América, eles entenderam Pauline e acabou ficando. Pauline tinha um nome, mas, estava esquecida nas gavetas da Nintendo. Pauline não poderia ofuscar Peach e por isso, ficou de fora de jogos e produtos até 1994, quando reapareceu na versão de Donkey Kong do Game Boy.

Ainda assim, ela ficou de fora de games até chegar o jogo Mario vs Donkey Kong, do Game Boy Advance e Nintendo DS, onde ela finalmente reapareceu com destaque, depois de anos de pequenos cameos e menções na série Donkey Kong do Super Nintendo.

Prefeita Pauline

Mesmo com esse retorno, Pauline ainda parecia viver em um espaço paralelo ao dos personagens principais da Nintendo. Enquanto Mario era a cara da empresa, com presença em todos os gêneros e consoles, Pauline era uma espécie de relíquia nostálgica, que só aparecia quando a Nintendo queria puxar alguma lembrança dos anos 80. Por muito tempo, ela foi tratada como uma personagem secundária do passado, uma lembrança da época em que Mario nem encanador era, e Donkey Kong era seu inimigo.

Eventualmente aparecendo em um jogo de corrida, de futebol, de esportes, sendo mencionada ou fazendo pequenos cameos, mas isso começou a mudar quando a Nintendo resolveu trazer Pauline de volta com força total em Super Mario Odyssey, lançado em 2017 para o Nintendo Switch. Pela primeira vez desde os anos 80, ela teve um papel realmente importante em um jogo da série principal de Mario. E não foi qualquer papel: Pauline agora era a prefeita de New Donk City, uma metrópole que mistura referências modernas com homenagens ao jogo original de arcade. Ela era elegante, poderosa e carismática.

Cantava no palco, dava ordens como líder e ainda assim demonstrava uma ligação emocional com Mario, mesmo que nunca deixassem explícito se aquele passado ainda era canônico ou só uma piscadela nostálgica para os fãs mais antigos.

Só que essa volta triunfal, mesmo sendo muito bem recebida, levantou mais dúvidas do que respostas. Afinal, se Pauline estava de volta, adulta, influente e moderna, então o que isso dizia sobre o passado? Qual era a relação atual dela com Donkey Kong? Aquela história do gorila sequestrando uma jovem e sendo derrotado por Mario ainda valia? E mais: onde se encaixava tudo isso na cronologia que, por mais bagunçada que seja, os fãs ainda tentam entender?

BaNNAAANNNzzaaaa

E aí chegamos em Donkey Kong Bananza, o jogo que resolveu chutar o balde de vez.

Quando o trailer de Bananza foi revelado, muita gente ficou confusa — e com razão. Pauline aparece no jogo como uma pré-adolescente, com cerca de 13 anos, sendo uma espécie de companheira do Donkey Kong moderno, que todos conhecem por usar gravata vermelha e ser muito mais herói do que vilão. Ela tem papel ativo na história, está envolvida nas decisões da trama e se relaciona com os personagens com uma personalidade que ainda está em formação — como alguém que está só começando a viver as aventuras daquele universo. Em nenhum momento há menção ao sequestro, ao Jumpman, a um passado traumático ou a qualquer coisa que a ligue diretamente ao jogo de 1981.

Pauline e Donkey Kong
Pauline e Donkey Kong

O problema é que o Donkey Kong que está com ela não é o Cranky Kong, que já está velho e resmungão em Bananza. Não, quem acompanha Pauline é o DK moderno, que todos conhecem dos jogos de Super Nintendo, Wii e Switch. Ou seja: o neto daquele DK original está agora andando ao lado da Pauline adolescente, enquanto o DK original virou um avô gagá no fundo do cenário. E isso coloca a cronologia em um colapso total.

Se Pauline ainda é uma adolescente e está vivendo sua primeira grande aventura com Donkey Kong, então o sequestro clássico ainda não aconteceu? Mas se Cranky já é velho, então ele já viveu aquilo? E Mario? Onde ele entra nisso tudo? Porque nesse ponto da cronologia, Mario já deveria ter resgatado Pauline, enfrentado Donkey Kong Sr., prendido ele em uma jaula e sido o vilão no jogo seguinte, Donkey Kong Jr. — e tudo isso antes de virar encanador e começar a salvar a Princesa Peach. Mas em Bananza, nada disso parece ter acontecido ainda, mesmo que visualmente os personagens indiquem que sim.

A verdade sobre Pauline em Bananza

A verdade é que o universo do Donkey Kong e do Mario nunca teve uma cronologia coesa, e Bananza apenas escancarou isso. Pauline foi sequestrada por Cranky Kong e Mario salvou ela, mas, ao mesmo tempo, a Pauline divide tela com um Mario jovem que interage com o neto de Cranky, DK, sem que nenhum deles tenha envelhecido um dia. Ou seja, não há ordem cronológica e, de acordo com o criador, Shigeru Miyamoto, os personagens da Nintendo não envelhecem! Em uma entrevista para o Independent ele disse:

Eu acho que foi fortuito que não fizemos nenhuma restrição a Mario como personagem. … Além do fato de ele ter cerca de 24 a 25 anos, não definimos mais nada. Quando fazemos um jogo, tomamos cuidado para não adicionar incongruência ao mundo desse jogo.”

Então, Pauline agora é uma versão jovem de si mesma, num universo onde ela adulta foi sequestrada pelo avó do macaco que ela está ajudando e não pensa muito e segue o roteiro. Os laços familiares nunca são mostrados em tela e as histórias funcionam mais como partes isoladas do que capítulos de uma linha do tempo.

A sensação é de que a Nintendo simplesmente decidiu ignorar a linha do tempo. Pauline jovem está lá porque é conveniente para a história de Bananza. Cranky está velho porque ele sempre foi assim desde Donkey Kong Country. E o DK moderno está lá, como sempre, sem se preocupar se isso bate com o fato dele ser neto de alguém que já enfrentou o Mario.

(e nem vamos mencionar o filme do Mario onde o DK é FILHO do Cranky e não neto.)

Donkey Kong Bananza não tenta explicar nada. Ele não faz questão de dizer quando se passa, nem como Pauline foi parar ali, nem porque o DK moderno está com ela, e não Donkey Kong Jr. (que sumiu do mapa há décadas).

Também não explica se Mario já conheceu ela, ou se ainda vai conhecer. Simplesmente acontece. E talvez esse seja o ponto. A Nintendo parece mais interessada em contar histórias novas com seus personagens clássicos do que se preocupar com amarrar pontas soltas de uma cronologia que sempre foi meio improvisada.

Não pense muito nisso

Se você cresceu achando que Donkey Kong sequestrou Pauline, que Mario salvou ela e que essa foi a origem de tudo… Bananza não vai negar isso. Só não vai confirmar também. Vai fingir que tudo sempre foi assim. Vai mostrar uma Pauline novinha, curiosa, cheia de energia, e um Donkey Kong carismático e protetor ao lado dela. E se você perguntar “mas e o passado deles?”, a resposta da Nintendo parece ser: “não pense muito nisso.”

Donkey Kong Bananza talvez não faça sentido dentro da cronologia clássica, mas faz sentido como uma releitura moderna e independente, uma espécie de reboot emocional que escolhe pegar os personagens icônicos e colocá-los em novos contextos — mesmo que isso ignore completamente o que veio antes.

Se a Pauline adolescente e o DK moderno vão voltar em outros jogos, se isso vai virar o novo “cânone” ou se vai ser só mais um spin-off isolado, ninguém sabe. Mas uma coisa é certa: o jogo deixou claro que, quando o assunto é linha do tempo em Donkey Kong, não existe uma verdade absoluta. Existe só a versão que a Nintendo quer contar hoje.

E você? O que achou de Donkey Kong Bananza? Entendeu sobre como e porque a Pauline está novinha enquanto o Cranky está velho? Fale conosco nos comentários e diga se curtiu essa novidade e aproveite para ler mais notícias no nosso site.

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