Saiba oque achamos do game de cartas do jovem Nerd, Ruff Ghanor
Não é a primeira vez que um youtuber ou influencer brasileiro mergulha no mundo dos videogames. Antes do grupo Jovem Nerd, formado por Alexandre Ottoni e Deive “Azaghal” Pazos, atualmente parte do conglomerado Magazine Luiza, estrelar o universo de Cyberpunk 2077 com o personagem Ozob Bozo, outros criadores já haviam deixado sua marca.
Tivemos os Irmãos Castro e seu excelente Lenda do Herói, além do youtuber Izzy Nobre com o beat ‘em up inspirado em seu podcast, 99 Vidas. Sem mencionar as adaptações clássicas feitas pela Tec Toy, como Sítio do Pica-Pau Amarelo e Castelo Rá-Tim-Bum.
Diante disso, o lançamento de Ruff Ghanor (disponível na Steam) não é exatamente uma novidade inesperada. Afinal, o Brasil tem se consolidado como uma potência criativa no mundo dos jogos (fonte: eu mesmo), e é animador ver cada vez mais títulos baseados em produções e mídias brasileiras ganhando destaque.
Mas, apesar de toda a empolgação do Jovem Nerd, que não economiza nos gritos e elogios nos vídeos, será que Ruff Ghanor é realmente bom? Vamos explorar o jogo, com agradecimentos ao #Keymailer pelo envio da chave de acesso. Se restarem dúvidas, é só deixar nos comentários!
Requisitos Mínimos e Recomendados de Ruff Ghanor
Ruff Ghanor é um jogo simples, leve e sem gráficos 3D que exigem muito do seu computador. Ele foi desenvolvido para rodar de forma tranquila na maioria das máquinas. Confira os requisitos:
MÍNIMOS | |
Sistema Operacional | Windows 7/10/11 |
Processador | Intel Core i5-3470; AMD FX-4350 |
Memória | 4 GB de RAM |
Placa de vídeo | GPU Dedicada de 2GB de Memória |
Armazenamento | 3 GB de espaço disponível |
RECOMENDADOS | |
Sistema Operacional | Windows 10/11 |
Processador | Intel Core i5-3470; AMD FX-4350 |
Memória | 6 GB de RAM |
Placa de vídeo | GPU Dedicada de 2GB de Memória |
Armazenamento | 3 GB de espaço disponível |
Com esses requisitos, fica claro que Ruff Ghanor não é um jogo que exige configurações avançadas, sendo acessível para diversos tipos de computadores. Se sua máquina atende a esses critérios, você já está pronto para embarcar nessa aventura!
O Garoto Cabra
Ruff Ghanor segue a mesma história do primeiro livro da série escrita por Leonel Caldela, conhecido por seu trabalho nos livros do RPG nacional Tormenta, publicados pela editora Jambô. Para quem não sabe, a lenda de Ruff Ghanor nasceu no primeiro episódio do Nerdcast de RPG, que narrava as aventuras de um grupo enfrentando um dragão. A saga começou com a missão de resgatar uma princesa e culminou na morte do dragão Zamir.
Durante a visita do grupo ao Monte São Arnaldo, eles descobriram a lenda de Ruff Ghanor e seu martelo mágico. Inspirado pela vontade de expandir aquele universo, Leonel Caldela começou a publicar romances ambientados nesse cenário.

No livro, assim como no jogo, Ruff Ghanor é apresentado como um garoto estranho, encontrado em uma montanha, coberto por um óleo negro misterioso e possuidor de um poder milagroso, que ele usou para derrotar dois inimigos monstruosos.
Dois clérigos do templo de São Arnaldo encontraram o garoto ao subir a montanha em busca de uma cabra perdida. Quando perguntaram seu nome, a única resposta foi um rosnado baixo e incompreensível: “Ruff…”. Ao levarem o menino ao monastério, o Prior, a maior autoridade do local, comentou ironicamente:
“Vocês subiram a montanha para resgatar uma cabra e me trouxeram um menino?”
Essa frase acabou dando origem à alcunha de “Garoto Cabra”. Contudo, o poder misterioso do menino e as circunstâncias inusitadas em que foi encontrado despertaram uma esperança: ele poderia ser a chave para libertar o Monte São Arnaldo da tirania do dragão Zamir.
Com isso em mente, Ruff Ghanor foi criado como um clérigo, treinado nas tradições religiosas do templo para combater o opressor dragão.
Dezoito anos se passaram, mas a vila ainda sofria sob o domínio de Zamir e a exploração de seus servos. Até que um dia, a taverneira local, Axia, cansada dos abusos do hobgoblin coletor de impostos, o atacou e matou.
Ruff ajudou Axia a se livrar do corpo do monstro, mas esse ato desencadeou uma série de ataques ao templo. Foi o suficiente para marcar o início da jornada do “Garoto Cabra”, agora recém-ordenado como clérigo de São Arnaldo.
Sua missão estava apenas começando.
Confiando no Coração das Cartas
O jogo Ruff Ghanor adota o estilo deck builder, no qual cada batalha e momentos especiais oferecem novas cartas para o seu baralho, além de itens extras que auxiliam na sua jornada. Essas recompensas incluem moedas de ouro que podem ser usadas para aprimorar, trocar ou remover cartas, permitindo que você ajuste sua estratégia ao longo do jogo.
Além de ser um deck builder, o título se enquadra no gênero roguelike. Isso significa que morrer e recomeçar várias vezes faz parte da experiência. A cada nova tentativa, você ganha novas cartas e aprimora seu deck, o que permite superar desafios que antes eram intransponíveis. Esse ciclo de evolução contínua aumenta significativamente o fator replay, já que seu baralho se fortalece progressivamente, possibilitando avanços na história.
Como se não bastasse a mistura de deck builder e roguelike, Ruff Ghanor também incorpora elementos de RPG. Durante diálogos com NPCs, você pode tomar decisões que influenciam o enredo, alterando os desdobramentos das cenas. Em vez de usar dados, o jogo introduz um sistema baseado em cartas e números-alvo para resolver testes.
O funcionamento é simples: o jogo informa quantas cartas você deve retirar do baralho e estabelece um objetivo baseado no tipo de carta necessário. Por exemplo, em um teste que exige que você saque sete cartas e obtenha pelo menos três do tipo suporte, o sucesso será determinado se, entre as cartas retiradas, houver três quaisquer desse tipo. As cartas são divididas em ataque, defesa e suporte, adicionando camadas estratégicas ao gerenciamento do baralho.
Esse sistema traz uma conexão interessante com as origens de Ruff Ghanor no Nerdcast RPG, transformando elementos da mídia original em mecânicas de jogo. Para os fãs que lamentaram ver aquele universo se tornar “apenas” um jogo de cartas colecionáveis, essa abordagem oferece uma experiência mais rica e integrada. Afinal, jogos de RPG e cartas caminham juntos desde os primórdios, e Ruff Ghanor sabe aproveitar bem essa sinergia.
Pinturas em Movimento
A parte gráfica de Ruff Ghanor pode ser um pouco frustrante para quem esperava algo com a qualidade visual de um jogo como Baldur’s Gate 3. O estilo gráfico do jogo remete mais a pinturas rústicas, com cores dessaturadas, predominando tons escuros como marrom, dourado, verde-escuro e cinza.

Os personagens possuem um quadro de animação limitado, com os mesmos movimentos repetidos para situações semelhantes. A Martelada, por exemplo, será sempre o mesmo movimento, assim como a defesa, o golpe especial e, durante os diálogos, o jogo adota uma estética mais próxima de uma visual novel, com personagens estáticos e uma caixa de diálogo na parte inferior da tela. Isso é um problema?
Para mim, não. Porém, seria interessante se o jogo tivesse um pouco mais de cores vivas. O excesso de tons “sóbrios” pode, em determinados momentos, se tornar cansativo.
Talvez essa escolha de paleta de cores seja uma maneira de refletir a desesperança do mundo do jogo, dominado pelo dragão, e como a vida das pessoas é oprimida. Quem sabe o uso de cores mais claras apenas em momentos de milagres e ataques devastadores dos poderes místicos de Ruff Ghanor seja uma metáfora visual, simbolizando ele como um raio de luz cortando as trevas. Se essa for a ideia, ela foi bem executada.
Veredito sobre Ruff Ghanor
Após terminar Ruff Ghanor, você provavelmente irá querer se aprofundar mais no cenário do jogo, ouvindo (ou revisitando) o Nerdcast de RPG ou, quem sabe, indo atrás dos livros que expandem a história do personagem. A narrativa é boa e envolvente, e ninguém sabe se haverá um Ruff Ghanor 2 para continuar a trama dos livros em formato de jogo.
Por enquanto, este jogo é excelente para quem curte o gênero ou é fã de uma boa fantasia medieval. Ruff Ghanor é fácil de entender, não tem microtransações com compra de packs de cartas (o que poderia ser feito, como em outros jogos do gênero) e custa um modesto R$ 55. Se você está em busca de um jogo com uma boa história, esse é um ótimo custo-benefício (ou você pode comprar o livro).
Na Steam, há alguns relatos de problemas para abrir o jogo ou de arquivos corrompidos, mas durante a minha jogatina, não encontrei nenhum desses problemas. Fica o aviso de que você pode encontrar algum obstáculo no caminho. De qualquer forma, não há nada que desmereça este game e, para os fãs, a compra é praticamente garantida!
Ruff Ghanor

Estúdios: DX Entretenimento LTDA, Magalu Games, Nonsense Creations
Plataformas: PlayStation 4, Microsoft Windows, Xbox One
Gêneros: Jogo Indie, Aventura, Estratégia, Cartas
Prós e Contras
Prós
+ Boa História;
+ Excelente mistura de RPG, Deck e Roguelike;
Contras
+ Podia ser um pouco mais colorido;
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