Quer ser o dono da sua própria Hogwarts? Então conheça o simulador de escola de bruxaria Wizdom Academy
Por mais polêmica, amada ou odiada, que a autora J.K. Rowling tenha se tornado atualmente, não dá pra negar que ela mudou muito o conceito de como enxergamos os bruxos na cultura pop. A ideia de uma bruxa que estuda com uma mestra e aprende seus poderes, como em Mika and the Witch’s Mountain, foi substituída pela grande Escola de Magia em um Castelo, com aulas em uma sala de aula, professores, comprar livros e ir para aulas de educação física de voos de vassoura.
Fazer parte do mundo de Harry Potter se tornou algo que muitos leitores sonharam por anos e só chegaram perto disso em jogos, como Hogwart’s Legacy. Mas, e se ao invés de querer ser o Harry Potter, você quisesse ser Alvo Dumbledore? Ser o diretor e construir, gerenciar e engrandecer sua escola? Então, você pode querer conhecer Wizdom Academy.
Wizdom Academy (site oficial) é um desses jogos que chamam atenção de cara pelo conceito. A ideia de comandar uma escola de magia, como se você fosse uma mistura de diretor de Hogwarts e gestor de colônia de férias em um jogo de simulação, é promissora.
O visual lembra uma mistura leve entre Wizard101 e outros títulos de gerenciamento como Two Point Hospital, e o sistema de progressão dos alunos – vendo-os evoluírem de jovens aprendizes até magos adultos – realmente traz um certo charme.
Mas apesar de todo esse potencial, a execução ainda está muito longe de polida. O jogo se encontra em acesso antecipado e, nesse estágio, apresenta uma mistura de pontos bem pensados, problemas técnicos e decisões de design que podem gerar discussões mais profundas. Vamos falar sobre Wizdom Academy e, se ficar com dúvidas, deixe um comentário.
Wizdom Academy
Requisitos
O jogo é leve e roda sem problemas em PCs com configurações modestas. Com requisitos acessíveis, é ideal para quem não tem um PC gamer de última geração.
| Requisitos | |
| Sistema Operacional | Windows 7 64-bit |
| Processador | AMD ou Intel, 3.3 GHz (AMD FX 8300, Intel i5 3000) |
| Memória | 8 GB de RAM |
| Placa de vídeo | AMD/NVIDIA dedicada GPU, 2GB dedicada VRAM (Radeon RX 560, Geforce GTX 1050) |
| DirectX | Versão 11 |
| Armazenamento | 6 GB de espaço disponível |
Bem-vindo, sr. Diretor
Logo de cara, dá pra dizer que o jogo tem uma base sólida no gênero de simulação. Como diretor da academia de magia, você é responsável por construir salas, organizar o espaço da escola, recrutar professores, cuidar do bem-estar dos alunos e lidar com recursos como mana, ouro e reputação. Tudo isso em uma grade de construção que lembra bastante os jogos clássicos de gerenciamento. A construção em si é fácil de aprender.
Os ambientes se encaixam bem no mapa, e montar a estrutura da escola é intuitivo. Há a possibilidade de construir em diferentes níveis verticais, o que dá uma camada a mais de profundidade ao planejamento – algo que falta em muitos títulos do gênero.
Outro acerto é o clima do jogo. Mesmo que você passe a maior parte do tempo vendo tudo de cima, como em “modo deus”, o jogo tem uma atmosfera gostosa, com um estilo visual agradável e trilha sonora relaxante. De perto, os gráficos são bem detalhados e as animações dos alunos realizando magia dentro das salas de aula criam um ambiente vivo. Esse tipo de imersão funciona bem e ajuda a manter o jogador interessado, mesmo quando os sistemas começam a parecer repetitivos.
A parte pedagógica também é bem explorada, ao menos no conceito. Os alunos têm traços positivos e negativos, vão evoluindo com o tempo, prestam exames, e você pode decidir se quer mantê-los por mais um ano ou não. O jogo dá sinais de que quer valorizar não só o lucro da escola, mas também o impacto real da educação mágica. É uma tentativa honesta de fazer com que você se importe com o desenvolvimento de cada aluno, e não só com as finanças da escola.
Mas é justamente aí que começam os problemas.
Muita coisa no jogo parece promissora, mas ainda não está finalizada. A sensação é que você está jogando um esboço de algo muito maior. Você consegue experimentar o sistema de construção, algumas aulas e um pouco da gestão, e a campanha principal ainda não foi implementada de forma completa, e alguns elementos que estão lá, mas ainda falta aquela sensação de fechamento.
Mecânicas Promissoras
Existem algumas mecânicas que parecem interessantes, mas ainda estão sendo desenvolvidas ou pouco explicadas. A produção de mana, por exemplo, é essencial para manter a escola funcionando, mas nas primeiras horas de jogo ela se torna um gargalo enorme. Há momentos em que você fica sem mana e não tem muito o que fazer além de desligar partes da escola, o que não é divertido e nem educativo. Seria melhor se essas dificuldades fossem introduzidas mais tarde, depois que o jogador já entendeu bem como as coisas funcionam.
Também há espaço para aprofundar a parte narrativa e de customização de Wizdom Academy. Seria interessante poder montar seu próprio currículo escolar, escolher que tipo de mago você quer formar e até influenciar a personalidade dos alunos ao longo dos anos. Um dos diretores jogáveis, por exemplo, é um bruxo das trevas. Isso abre margem para ideias mais ousadas, como formar uma escola mais voltada para as artes sombrias – o que seria bem divertido se existisse de fato. Mas no estado atual do jogo, tudo isso ainda está preso na teoria.
Em relação aos estudantes de Wizdom Academy, você também tem pouco controle sobre quem eles são ou oque fazer com eles. Vá há uma cidade e encontre candidatos promissores a cada rodada de procurar. Cada um deles tem suas qualidades e defeitos, além de recursos que podem trazer para a academia. Porém, se você precisa de um recurso, tem que aceitar “o que vier”, mesmo que isso não se encaixe com seus objetivos. Seria interessante também poder fazer uma “escola só para garotas” ou “escola ao estilo militar” e formar só bruxos mais combativos.
Bugs Reparus
Outro ponto que pesa bastante é a estabilidade do jogo. Em várias sessões, bugs graves podem atrapalharam bastante a experiência, porém a desenvolvedora está lançando atualizações periódicas com correções.
Um dos piores bugs em Wizdom Academy envolve a construção: às vezes os prédios simplesmente param de funcionar ou deixam de ser construídos. E se você depende disso para progredir, o jogo basicamente trava, sem saída. É o tipo de erro que quebra a experiência e desanima de continuar. O sistema de construção também poderia ser mais flexível.
A grade inicial é muito limitada, com vários obstáculos no mapa que impedem um bom uso do espaço. Para um jogo que depende tanto da liberdade criativa do jogador, isso acaba sendo bem frustrante. Sem contar que há um sistema de “construtores”, que parecem atrapalhar mais do que ajudar. Talvez o jogo funcionasse melhor sem essa limitação.
Parece IA
No meio disso tudo, há ainda um assunto polêmico: uso de arte gerada por inteligência artificial. Praticamente todos os personagens, retratos e ilustrações parecem ter sido feitos com IA, algo que levanta discussões éticas importantes.
Segundo os próprios desenvolvedores de Wizdom Academy, isso é temporário – eles prometeram substituir esses ativos por arte feita por humanos quando o jogo sair do acesso antecipado. Mas até lá, essa escolha pesa na experiência, especialmente para quem valoriza o trabalho artístico original. O uso de imagens genéricas pode até funcionar tecnicamente, mas tira boa parte da identidade visual e da personalidade que o jogo poderia ter.
Cada um no seu canto
Um ponto que não aparece com muito destaque, mas que vale ser mencionado, é a ausência de sistemas mais profundos de interação social entre os alunos e professores. Em um jogo que foca tanto em uma escola viva e pulsante, seria natural esperar algum tipo de dinâmica relacional — amizades, rivalidades, até pequenos conflitos ou eventos gerados a partir do comportamento dos alunos. Esses elementos ajudariam bastante a dar mais personalidade à academia e a tornar o ciclo escolar mais interessante.
Por enquanto, os alunos são basicamente blocos com status e funções, o que tira um pouco da vida que esse tipo de ambientação mágica poderia ter. Num mundo inspirado claramente em histórias como Harry Potter, seria legal ver mais momentos inesperados acontecendo dentro da escola, como feitiços descontrolados, festas improvisadas ou incidentes mágicos curiosos. Isso poderia dar mais profundidade ao gameplay, sem necessariamente complicar a jogabilidade.
Outro detalhe que talvez passe despercebido, mas que impacta a experiência geral em Wizdom Academy, é a falta de um sistema de objetivos claros de médio e longo prazo. A progressão do jogo parece depender muito da curiosidade do jogador e da vontade de testar coisas, já que a estrutura de missões ou metas ainda é meio vaga. Isso é comum em jogos de simulação, mas mesmo dentro desse estilo, faz diferença ter uma campanha com etapas bem definidas, ainda que sejam simples.
Algo que guie o jogador sem amarrar demais, oferecendo pequenas conquistas que mostram que ele está avançando, seria bem-vindo. Isso poderia dar mais motivação para continuar expandindo a escola e experimentando com novas salas ou combinações de professores e cursos. No fim das contas, falta um pouco de direção, principalmente depois que você domina o básico da construção e da gestão dos recursos.
Veredito sobre Wizdom Academy
Apesar dos pesares, é possível se divertir com Wizdom Academy, principalmente se você gosta do gênero de simulação e quer experimentar algo com uma proposta diferente. O jogo tem momentos em que tudo funciona bem: você vê os alunos evoluírem, ajusta salas de aula, contrata novos professores, melhora suas instalações. Há um senso de progresso e recompensa que funciona. O tutorial também é bem-feito e ajuda a entender o básico, o que é essencial considerando o tanto de sistemas simultâneos que o jogo apresenta.
Ainda assim, é preciso deixar claro que, no estado atual, Wizdom Academy está mais para uma promessa do que para uma realidade. Há uma boa ideia ali, com base sólida e até uma execução inicial decente em algumas partes. Mas o jogo precisa de mais conteúdo, mais polimento e correções urgentes de bugs. As batalhas precisam ser implementadas, os sistemas de construção e gestão devem ser mais flexíveis e amigáveis, e o uso de IA precisa ser substituído o quanto antes, se os desenvolvedores quiserem que o jogo ganhe legitimidade dentro da comunidade gamer.
No fim, Wizdom Academy é um projeto ambicioso que ainda está em formação. Se você é o tipo de jogador que gosta de participar do desenvolvimento de jogos em acesso antecipado e não se incomoda com bugs, conteúdo incompleto e mudanças constantes, pode ser interessante acompanhar a evolução desse título. Mas se você está em busca de uma experiência já pronta, redonda e envolvente, talvez seja melhor esperar mais um tempo.
Wizdom Academy
Prós e Contras
Prós:
+ Um conceito excelente, único para o seu gênero;
+ Jogabilidade que prioriza exclusivamente a educação, bem como a economia;
Contras:
– Arte gerada por IA, esperançosamente temporária;
– Uma ladainha de bugs e pequenos erros de equilíbrio que precisam ser corrigidos antes do lançamento do jogo;
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